terça-feira, 22 de dezembro de 2009

LUANDA – CABINDA (A SAGA)

- Na sexta-feira à noite fico sabendo que tenho uma viagem na segunda-feira pela manhã para a província de Cabinda

- O voo tá marcado para às 09h30, mas temos que fazer o check-in até às 07h30. Duas horas de antecedência para fazer o check-in de um voo doméstico

- Segunda-feira: Moro no outro lado da cidade, saio de casa às 06h. Por incrível que pareça gasto mais tempo tentando entrar no estacionamento do aeroporto do que no caminho de casa até lá. Chego no aeroporto às 07h15.

- Check-in feito com a devida antecedência.

- Acho que o único país do mundo onde se passa pela emigração em voos doméstico é Angola. Ok. Passamos todos pelo SME – Serviço de Migração de Estrangeiros.

- Entram todos no ônibus em direção ao avião na pista. Ficamos mais meia hora dentro do ônibus esperando o avião abastecer, em baixo de sol escaldante sem ar-condicionado.

- Entramos no avião, um Embraer-120 com capacidade para 30 pessoas, e a supervisora da companhia avisa que, por problemas técnicos, nossa bagagem não poderá seguir no mesmo voo, mas que irá no voo seguinte e poderemos pegá-la em Cabinda

- O voo marcado para às 09h30 sai às 10h30.

- A aeromoça se atrapalha toda. Primeiro ela diz que faremos uma escala no Soyo (província do Zaire), depois ela desiste da escala e avisa que iremos direto a Cabinda.

- Chegamos em Cabinda às 11h30, Laércio (companheiro brasileiro de viagem) descobre que o visto dele tá vencido (detalhe: em Luanda, ele passou pelo SME e ninguém disse nada).

- O passaporte de Laércio fica retido no aeroporto.

- Fomos ao trabalho: reuniões, visita ao novo estádio, etc…

- Entre uma reunião e outra, descobrimos que nossa bagagem chegou à Cabinda, mas retornou à Luanda e ninguém consegue explicar o porquê dessa proeza. Mas afirmam que a bagagem voltará mais uma vez à Cabinda.

- Voltamos ao aeroporto por volta das 16h30 para tentarmos resgatar nossa bagagem e somos recebidos por um funcionário da companhia que só falta nos bater. Ele, aos berros, diz que a bagagem tava lá, mas que o responsável (?) pelo setor de bagagens foi pra casa, por que tem um horário, é um pai de família e nós, que estávamos a trabalho, é que somos irresponsáveis que não chegamos para pegar a bagagem antes. Segundo ele, só poderíamos pegar a bagagem no outro dia às 08h00 da manhã, sendo que nossa volta estava marcada para o outro dia às 10h. Ou seja, não adiantaria nada.

- Decidimos que não adiantava nos estressar com esse ser, que ele nada resolveria.

- Sem mala, sem lenço e apenas com documento, fomos ao mercado para comprarmos cuecas (aqui se usa “cuecas” para roupas íntimas tanto femininas quanto masculinas).

- Na primeira loja que entro, só vendia o conjunto de calcinha e sutiã bem vagabundo que custava 4.500 kwanzas, aproximadamente 53 dólares.

- Me recuso a comprar e vou em busca de outra alternativa. Descubro o Mercado Municipal Alto das Rolas e lá acho um congolês a vender roupas íntimas. Cada calcinha custava 300 kwanzas. Após negociações, consigo comprar duas calcinhas por 500 kwanzas (6 dólares).

- Calcinha, escova de dente, creme dental e desodorante comprados, voltamos às reuniões e, ao comentarmos com algumas pessoas (angolanos) sobre o ocorrido, inicia-se uma série de chamadas telefónicas. Uma delas liga para o DONO da companhia, que imediatamente aciona um funcionário local.

- Fui ao encontro desse funcionário em um dos armazéns da companhia na cidade, com todos os tickets de bagagem em mãos. Constatando que nossas malas não estavam lá, ele resolve ir até o armazém do aeroporto com nossos tickets para identificar e trazer a mala até nós.

- Uma hora depois, uma boa notícia: nossas malas foram encontradas!

- Após o jantar, voltamos ao hotel. Um dos quartos que ocupávamos (graças a Deus não foi o meu) tinha sido alugado a outra pessoa. Era meia-noite e ainda tivemos de encontrar um novo quarto para um dos companheiros. Após muito vai-e-vem, o hotel descobriu que tinha outro quarto vago e alojou nosso companheiro.

- No dia seguinte, voltamos à luta. Com o voo marcado para as 10h00 da manhã, o check-in precisava ser feito até às 09h. Chegamos ao aeroporto às 08h30.

- Laércio (aquele do passaporte retido) vai resgatar o documento e tem que pagar uma multa de 35.100 kwanzas, aproximadamente 413 dólares, para poder regressar à Luanda.

- Tudo feito. Escrevo aqui do saguão de embarque do Aeroporto de Cabinda, às 10h40 da manhã, ainda aguardando o voo, marcado para às 10h00, mas que só deve sair às 12h.

Viu como é fácil e aprazível viajar pelas províncias angolanas?

tina muller

sábado, 28 de novembro de 2009

larápios

"sendo que se conhece o larápio pela infalível indicação de que ele sempre acha que todo mundo também só pensa em larapiar e, do mesmo jeito que ele quer surrupiar o que é nosso, queremos nós subtrair o que é dele."

joão ubaldo ribeiro (o albatroz azul)

sábado, 26 de setembro de 2009

mil e um

mil pensamentos
um sentido
mil sensações
uma saudade
mil problemas
um objetivo
mil sonhos
um amor

tina muller

sábado, 6 de junho de 2009

angola

falta em angola:
coca zero
mãe
carlton red
profissas
irmã
catarina
cerveja grande
pizza de verdade
água
luz
mais amigos
asfalto
táxi

tem em angola:
lixo demais
novidade
diversidade
pai
meu amor
irmão
novos amigos
carros demais
chineses
desperdício
trabalho
zungueiras
ambulantes
ruas esburacadas

tenho certeza que não demora muito e essa lista vai mudar completamente.
não que angola vá mudar.
eu é que vou mudar meu modo de ver angola.

Tina

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

somos eu e você

penso e prezo por você.
vivo e suspiro nosso amor.
cheiro a sua ausência e ela me tira (e me dá) inspiração.
sonho nosso futuro
e ele vem cada vez mais nítido.
um futuro que ficaria no passado,
mas os orixás não deixariam isso acontecer.
somos muito.
somos o todo.
somos amor.
somos eu e você.

tina muller